Eu encontrei em um sebo um livro maravilhoso.
Sensível, emocionante e emotivo, deliciosamente subjetivo sem porém perder o foco : A arte de restaurar histórias ( O diálogo criativo no caminho pessoal),
escrito por Jean Clark Juliano e publicado pela Summus Editorial. Eu recomendo a leitura.
Aqui vai um trecho:
... Isso me lembra uma cena com a minha avó, pessoa muito especial ( lá vem história), que cozinhava divinamente. Suas mãos eram grandes e fofinhas, e era capaz de produzir banquestes em muito pouco tempo, sendo capaz da façanha de administrar todas aquelas panelas em conjunto.
Eu, recém-casada, querendo aprender e mostrar serviço, acho até que mais mostrar serviço do que aprender, pergunto a ela: "Vó, você faz tão bem aquela pizza, me ensina como se faz?" Ao que ela responde:
"É fácil, veja: você apanha um punhado de farinha de trigo (e balançou vparias vezes a mão direita, como se estivesse pesando a farinha), acrescenta um pouco de água para dar liga ( como se eu soubesse o que era isso), põe um tanto de óleo (quanto?) e acrescenta uma pitada de sal, novamente usando a mão direita para demonstrar como se jogava o sal (????) Daí, amasse a massa até dar ponto...é só.
"Depois disso, você usa o recheio que preferir..."
E eu, na mesma...
Hoje entendo o que ela me ensinou. Não era para me manter na ignorância de propósito, não. Nem uma artimanha diabólica para me manter nas trevas... É que a pizza já era tão parte da sua mão e do seu ser que não havia meio de desconectar uma da outra.
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É assim que eu me sinto quando alguns alunos me perguntam "Como você faz isso?" ou "Mas como?" "O que quer dizer esse desenho?" As coisas que eu faço, o jeito que eu faço, já fazem parte de mim... Os cursos, workshops, aulas e etc que eu monto são todas tentativas de "desconectar a pizza da minha mão", porque as pessoas me pedem para "Explicar como eu faço".
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