Eu adorei essa historinha, e estou replicando aqui para voces.
Era uma vez uma gota que caminhava pelo mundo, triste e sozinha.
Olhava tudo em seu redor e com os olhos muito abertos perguntava-se:
É tudo tão bonito, tão colorido, só eu nem tenho cor...
É tudo tão diferente , tão distinto, só eu sou igual a tantas outras, nem sei o que sou
Sou gota de quê afinal?
Enquanto amargurada caminhava, mesmo ao seu lado caiu uma gota amarela, era uma gota de tinta e tinha caido de um rolo de pintar com que restauravam um prédio antigo.
Que bonita que tu és! Tão amarela e alegre!
Olha para mim não sei de onde venho, e nem sequer tenho cor!
Sou uma gota de tinta, respondeu-lhe a gota amarela.
Conversaram por uns minutos mas depressa viram que pouco tinham em comum.
A gota sem cor seguiu caminho e a gota de tinta amarela deixou-se ficar secando no chão.
Um pouco a frente, estava uma bicicleta caida no chão e já de pé um miudo corajoso raspando a poeira das calças, e pondo saliva nos arranhões provocados pela queda.
Curiosa a gota aproximou-se e viu uma gota encarnada.
Que bonita que tu és! Tão encarnada e viva!
Olha para mim não sei de onde venho, e nem sequer tenho cor!
Eu sou uma gota de sangue respondeu-lhe a gota encarnada.
Ficaram entretidas a conversar, a gota de sangue era uma gota cheia de histórias para contar.
Mas tambem com ela a gota sem cor percebeu que pouco tinha em comum e mais uma vez cada vez mais triste continuou caminhando.
Descendo um prédio apressada vinha uma linda rapariga.
Meu deus como ela era linda, pensou a gota.
E tem tantas cores!
Lindos cabelos negros, longos, brilhantes caindo pelos ombros.
Lábios muito carnudos e rosados.
Os olhos tão azuis que pareciam o céu.
E um maravilhoso vestido verde de cetim contrastando com a brancura da sua pele.
A gota sem cor estava encantada, escondeu-se para observar melhor a linda mulher que apressada corria para um carro parado em frente ao prédio, parecendo esperar por ela.
Mesmo no seu esconderijo, quando a mulher passou, quase lhe caiu em cima uma estranha gota azul muito, muito claro.
Era uma gota de perfume, cheirava tão bem.
Era um cheiro docinho, quente e muito intenso.
A cheirar assim bem pode ter pouca cor, pensou a gota sem cor.
Olá ! Que bonita e principalmente que cheirosa que tu és!
Olha para mim não sei de onde venho, e nem sequer tenho cor!
Eu sou uma gota de perfume. A Ana deixou-me cair. Está muito apaixonada e ia a correr apressada. Sabes, ele não gosta nada, mesmo nada de esperar.
E agora com esta pressa toda eu vou-me evaporar.
Lá ficaram as duas a conversar sentadas à porta do prédio.
As horas foram passando e a gota de perfume cada vez estava mais pequenina.
Cada vez menos cheirosa.
A gota sem cor ficou a fazer-lhe companhia até que ela desapareceu por completo.
Preparava-se para se fazer de novo ao caminho, quando voltou a ouvir um motor de um carro.
Era o mesmo.
A linda mulher saiu, mas desta vez o seu passo já não era apressado.
A porta bateu.
O carro acelerando desapareceu.
E encostada à porta do prédio deixou a linda mulher chorando.
Que se terá passado? Pensava a gota sem cor novamente no esconderijo.
Ainda não sabia nada da vida, nem imaginava o que podia fazer alguem tão belo chorar.
Estava nestes pensamentos quando uma gota, assim com ela, tambem sem cor caiu mesmo junto de si.
Que susto!
És igual a mim!
Tambem não tens cor.
Eu sou uma lágrima disse-lhe a gota.
De imediato sentiram uma enorme empatia uma pela outra.
Achas que eu tambem sou uma lágrima?
Claro que és!
Não sabias?
Não, Não sabia. Andava triste não sabia de onde vinha.
E ainda por cima não tenho cor.
Eu vim do coração da Ana, respondeu-lhe a outra lágrima.
Quanto a não ter cor, aí enganas-te...
Uma lágrima é da cor da alma de quem a chorou.
Eu tenho mil cores, disse a lágrima que tinha rolado pela face da Ana.
Então a lágrima triste ficou alegre...
Lembrou-se que era uma lágrima de alegria.
Vinha do riso da Carolina, quando abraçou o pai cheia de saudades.
E era uma lágrima com tantas cores como as cores do mundo inteiro.
História criada por Helena Isabel para a Carolina, e encontrada no blog dela, Estados de Alma.
Era uma lágrima tão bela e colorida como a alma da Carolina.
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